O nosso lado sombra

Quem somos? O que estamos fazendo aqui?

Quais são nossos dons, habilidades, talentos, nossa missão de vida?

E por aí vai... 


Muitas vezes, já me peguei olhando ao meu redor, minha vida, minha família, meu trabalho e, de repente, parece que nada faz sentido. É como se eu não me encaixasse ou faltasse algo para que eu me sinta pertencente àquele lugar. Para alguns, sentir-se assim vez ou outra está tudo bem, é normal, são fases da vida. Sabemos que nunca estaremos 100% felizes ou satisfeitos. Mas para outros, esse vazio, essa falta não sei de que, incomoda, tira o sono, a paz. E nessa jornada, nessa busca, investimos tempo e dinheiro para que alguém nos mostre o caminho, aponte para uma direção, diga quem somos. Participamos de workshops, vamos ao psicoterapeuta, fazemos nosso mapa astral, numerologia, jogamos búzios, fazemos testes de personalidade pela internet, consumimos livros de autoajuda, nos conectamos nos canais do Youtube e sim, teremos diversas informações sobre nós mesmos. Porém, nem sempre estamos tão prontos ou preparados para nos olhar de verdade e enxergarmos quem somos.


O criador da psicologia analítica, Carl Gustav Jung, define Sombra como "aquilo que uma pessoa não tem desejo de ser". Em outra descrição: Aquilo que é invisível, negado, repudiado, agressivo, vingativo, primitivo. A Sombra, quando negada, ou ignorada, muitas vezes atua como processo de auto-sabotagem psíquica, afetando direta e indiretamente nossas escolhas, comportamentos, falas e posturas.


O autor Deepak Chopra aponta que o Efeito Sombra pode ser entendido como tudo aquilo que não aceitamos de negativo em nós mesmos e que não queremos mostrar aos outros. É aquilo que nos incomoda e, por isso, o escondemos, ignoramos, porque temos medo de lidar com eles. Podem ser sentimentos, emoções, eventos traumáticos e traumas adquiridos desde a nossa infância. Sendo assim, qualquer caminho de autoconhecimento que trilharmos, nos colocará frente a frente com o nosso lado sombra. E isso acontece justamente para que possamos trabalhá-lo, conhecê-lo e entender que ele é tão parte de nós quanto o nosso lado iluminado. Luz e Sombra são essências, um não existe sem o outro. Eu acredito que a maioria de nós sempre está procurando ser uma pessoa melhor, ser a melhor versão da gente mesmo. Só que para isso é importante entendermos a nossa Sombra! Entrarmos na nossa casa interna e descer até o porão. A ideia é que possamos conhecer e aprender a lidar com esse lado e o acolha, aceitando-o como ele é em essência e assim, fazermos o nosso melhor.



Me lembro que, quando eu cheguei na minha Sombra e tive que lidar com ela, tive duas escolhas: deixar para lá, desistir e buscar outro caminho ou entregar-me de coração e seguir adiante, mergulhar fundo e aceitar a minha sombra e tudo que ela significava. Eu escolhi a segunda...e acabei por aprender muito sobre a minha pessoa, sobre quem era eu sem máscaras, sem as várias personagens que criei ao longo da minha jornada. Aprendi a conviver em harmonia com meus pontos fracos, com minhas falhas. Fui caminhando um pouco por dia, deixando o processo fluir naturalmente. Não é fácil, viu! Às vezes tenho que respirar fundo, parece que tenho que voltar ao ponto inicial e recomeçar todo o processo novamente, digerir melhor as informações, processá-las, entendê-las. Mas aí eu sigo adiante com calma, foco, força, fé e determinação.


Tem uma frase de Luis Fernando Veríssimo que diz: “quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.” 

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