Entre a razão e a emoção

 Emoção ou razão? Sentimento ou atitude? Podemos compreender essas duas extremidades que andam juntas, tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais em sua complexidade... e, muitas vezes, nos deixam entre a cruz e a espada, não é mesmo? Mas na maioria das vezes, estamos mais ligados à razão, por questões da nossa educação e de nossas crenças porém, mesmo assim, as emoções estão ali, pedindo passagem, querendo interferir nas nossas ações.


Razão ou emoção? Por qual dos dois devemos nos deixar guiar? A razão é sensata, inteligente, observadora, lógica, racional e metódica. A emoção é explosiva, momentânea, linda, mágica, poética, sonhadora, complexa e insistente. É como escolher entre preto e branco ou colorido, ouvir a voz da mente ou do coração. Nem sempre é possível fazer o que é certo e sentir felicidade. Em algum momento essas duas polaridades entrarão em conflito ou então, em equilíbrio. Somente esse equilíbrio é o que trará a paz interior, mas atingí-lo não é assim tão fácil.


A diversidade de personalidades existentes faz com que alguns se deixem guiar mais pela razão, tendo muita cautela, não se deixando envolver demais em qualquer tipo de relacionamento, outros, porém serão sempre levados pela emoção do momento, deixando o coração falar mais alto em várias situações. Há também quem mude sua forma de agir, quando vê que razão ou emoção não estão ajudando naquela etapa de sua vida. A forma de uma pessoa pensar sempre será influenciada por suas experiências anteriores, não adianta negar, pois tudo o que fere no passado, mesmo que seja esquecido, ainda vive como uma cicatriz no coração, algo que nem dói mais tanto como antes, mas que é cuidado para que não volte a nos fazer sofrer, são nossas próprias defesas com relação ao mundo, mas que devem ser limitadas até onde nos permita viver novas emoções e aprender mais uma vez com elas, deixando com que a razão acompanhe os fatos para que estes não percam seu rumo, e regando com emoção cada momento da vida, para que a magia não seja perdida.


Quando estamos em uma situação de interesse por alguém não conseguimos deixar de lado nosso aspecto emocional, uma vez que é justamente o afeto que faz com que o emocional seja ativado. Por outro lado também nos damos conta que reprimimos a emoção, ou nos criticamos caso essa situação traga insegurança ou qualquer tipo de ameaça. É o lado racional operando e tentando ganhar força.


No campo do amor, podemos concluir que, quando se está próximo de um parceiro em potencial, é pertinente e fundamental que se tenha contato com os dois mundos, o do afeto e o da razão. O do afeto permitirá que você acesse sua intuição, seu desejo, sua capacidade de conquista, apresentando ao outro seu lado emocional e sensível. Já o racional te ajudará a ser prudente, cuidadoso, a ter clareza da situação, a impondo um ritmo adequado e confortável às suas relações. Não é possível preterir um em razão do outro. Ambos os mundos precisam caminhar em harmonia. Se agir de forma muito racional, as defesas possivelmente irão te distanciar do encontro afetivo. Se for emocional demais, não saberá fazer uma leitura correta da situação e certamente irá criar situações que igualmente te distanciarão do seu par. Aprender a harmonizar os lados é fundamental em qualquer aspecto da vida, seja profissional ou pessoal. Sem dúvida todos possuem em momentos da vida um jeito mais racional ou mais emocional de estar no mundo. É válido, neste sentido, aprender com suas próprias experiências passadas, avaliando o que contribui ou não para o sucesso de um relacionamento. Os dois lados são sábios e quando integrados de forma harmônica, possibilitam que se tenham experiências de vida mais plenas e enriquecedoras, seja na busca por um par, seja junto ao seu par. 


Conflito entre o que você quer e o que você deveria fazer. Como evitar extremos? Afinal, se formos somente emoção iremos nos decepcionar muito, nos envolvendo em situações difíceis. Já o excesso de racionalismo pode nos privar de viver boas experiências e de aprender com os erros. Acho interessante o equilíbrio entre ambos. Está claro que quando nos referimos aos relacionamentos afetivos, muitas pessoas preferem utilizar seu lado racional para avaliar os riscos, as vantagens, se é uma relação que vale a pena viver, porque esse lado emocional deve querer viver a tal situação, mas tem medo de se machucar, de não ser correspondido, de dar tudo errado. 


O autoconhecimento nos auxilia no despertar daquilo que existe dentro de nós. É a arte de despertar o nosso ser para o potencial criativo genuíno. A finalidade não é curar, e sim favorecer o crescimento interior por meio das dificuldades pessoais.

No decorrer desse processo analítico há a proposição de que pelo falar, pelo escutar e pelo fazer criativo nos confrontamos com nós próprios. Pôr-se em processo analítico é possibilitar o existir permeável a outros saberes. É despertar para o próprio caminho de vida como processo natural com sentido, finalidade e objetivo; é a experiência interior.

A experiência interior se torna experiência de vida quando vivida com todas as suas implicações. Quando olhamos para dentro de nós mesmos com o objetivo de observar nosso sofrimento e dificuldade na vida, para aquilo que não conseguíamos enxergar com clareza, estaremos nos abrindo para alcançarmos um espaço seguro, explorando melhor nossos afetos, pensamentos e fantasias que compõem o cenário desse nosso sofrimento, possibilitando nos familiarizarmos com os sintomas que produzem essas sensações. 


Ambos, razão e emoção, são importantes nesse processo de “"ser"”, de “fazer”, porém, para mim, o dono da vida é o coração. A razão, o pensamento, é fruto do cérebro e este é apenas o gerente do coração. Você concorda com esse meu pensamento? 



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