quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

No sofá

 

  • Mais uma xícara de café, por favor, não posso dormir, o telefone há de tocar 


As longas horas diante do tic tac do relógio de parede, arrastaram-se madrugada adentro 

Assim como o café coado que deixou uma borra espessa na xícara de porcelana chinesa


Se ela fumasse teria ido 2 maços fácil fácil 

Se ela bebesse teria ido litros goela abaixo

Mas a serenidade que reinou naquela noite, 

e naquele rosto compassivo, de tez limpa e analítica, 

captou a mensagem do silêncio 


Não foi necessário uma única palavra 

Ou qualquer outro gesto que pudesse por em dúvida o fato em si


Essa foi a última noite em que, de pernas cruzadas sobre o assento do sofá, ela o esperou.

O telefone não tocou

O café esfriou

A noite findou 

E o coração congelou 


E.B

Dezembros 

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