𝘿𝙚𝙨𝙥𝙚𝙧𝙩𝙚𝙞...
Mas me recuso a abrir os olhos
Muito menos abrir a janela e ver que há um sol lá fora, iluminando tudo e todos
Também ensurdeço , para não ouvir o movimento que dá vida à rotina
Desejo mesmo é que um vento gélido e congelante passe suavemente pelo meu corpo, me petrificando…
…me paralisando no tempo e no espaço
Assim, todas as decisões e ações serão prorrogadas
Pensamentos e sentimentos também
E porque também não congelar meu coração?!
Assim ele não terá mais de se partir
Tranco-me
Amordaço-me
𝘼𝙘𝙤𝙧𝙙𝙚𝙞...
...e não sou mais a mesma que se deitou no dia de ontem.
Meus erros, arrastando-se …amarrados a meus pés, deixam-me mais pesada do que os quilos que ganhei com o passar dos anos.
Me recuso a olhar para o chão, a olhar para trás e sigo até o banheiro de cabeça erguida
𝙇𝙚𝙫𝙖𝙣𝙩𝙚𝙞...
Diante do espelho, dou um sorriso tímido
Olho-me, admiro-me e alguns segundos são suficientes para ver a minha vida passando em flashes lampejantes
Preciso mesmo pintar meus cabelos?
Tenho realmente que me maquiar?
Quando foi que me perdi de mim mesma?!
Pandemia
Roma, junho de 2020